Estou bastante obcecado com o Spotify, recentemente chegado
a Portugal. É incrível. Trata-se de um software para ouvir
música, posto de uma forma muito limitativa. É como uma base de dados em que o
utilizador pode pesquisar música por artista, álbum, etc.
Por si só isto já seria extraordinário. Sim, é verdade que
no Youtube já temos isto, mas no Spotify está tudo perfeitamente organizado cronologicamente
por álbum, os artistas vêm acompanhados de uma biografia, e há ligações a
artistas semelhantes, o que facilita a descoberta de música nova. Nem falar da
qualidade de som muito superior à do Youtube.
Mas para além disto o Spotify tem ainda uma componente
social: podemos aceder com a nossa conta do Facebook e ver o que os nossos
amigos estão a ouvir, podemos publicar playlists e ouvir as playlists dos
nossos amigos nos perfis deles, podemos enviar faixas para os nossos amigos
ouvirem.
Sim, eu também pensei logo que isto podia ser privacidade a
menos: e se me apetecer ouvir a Lady Gaga sem que ninguém saiba? A resposta:
podemos iniciar uma “sessão privada” para que os nosso guilty pleasures
permaneçam desconhecidos.
Para alem das que referi há ainda muito mais ‘features’ que vão adicionando valor ao serviço.
Há uma contrapartida que considero pequena: na versão gratuita
as músicas são intercaladas com anúncios e o software também tem uns banners.
Há as versões ‘Unlimited’ a €3.49/mês,
sem anúncios, e a ‘Premium’ por €6.99/mês, que acrescenta a possibilidade de
ouvir Spotify em dispositvos móveis – iPads e etc.
Cada vez mais acho que o futuro da cultura passa por isto:
as pessoas já não querem possuir quando para consumir isso é desnecessário.
Porquê comprar CDs de que me vou fartar daqui a uns meses e deixá-los a ocupar
espaço, quando posso ter (quase) toda a música de que me lembre no meu
telemóvel (e ligá-lo às colunas da aparelhagem, se quiser ouvir alto), que levo
sempre para todo o lado?
O mesmo se está a passar com os Kindles, o DJing digital, etc… Podemos ser
ultra-seletivos na cultura que consumimos, pois esta está cada vez mais disponível. E se me perguntam a mim, isso incentiva as pessoas a
cultivarem os seus gostos pessoais – e a partilharem-nos – o que só pode ser
bom.