domingo, 28 de julho de 2013

"Sob o Signo de Amadeo", no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian

Fui hoje ver a exposição ‘Sob o Signo de Amadeo’, do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian. Gostei de muitas das peças individualmente, mas em geral fiquei com a sensação de que faltava um fio condutor. O site explica, mas na exposição passa pouco. Pode ser falta de capacidade interpretativa da minha parte, mas às vezes um simples texto a explicar o objetivo da curadoria dá uma perspetiva a quem visita, o que pode valorizar a exposição. Esses textos acompanhavam as obras de Amadeo mas muito pouco as outras mais recentes.

Mas suponho que se quer deixar as obras falarem por si.

Individualmente, uma das peças de que mais gostei foi o vídeo Untitled (Nést finit plus), de JoãoOnofre. Conhecia algumas fotografias dele da coleção do Berardo, mas nada em vídeo. Este era excelente.

A parte com as obras de Amadeo (quase o espólio todo que a coleção possui) estava muito bem organizada. Não sou grande fã mas gostei particularmente d’Os Galgos e de uns 20 desenhos incluídos num livro que foi uma das primeiras obras da sua carreira.

Em geral a exposição não é extraordinária, especialmente para quem já conhece a coleção do CAM, mas vale a pena. Mais para o fim do ano há umas conversas com as curadoras e penso que algumas performances. Podem ver no site mais informações.







sábado, 27 de julho de 2013

WS, de Paul McCarthy

Inicialmente pensei que não seria muto relevante escrever sobre a exposição WS, do Paul McCarthy, porque não vi imagens que fossem representativas da exposição, que na verdade é só uma peça gigante. Mas ao pesquisar mais sobre ela, surgiu-me uma reflexão que decidi publicar aqui.

A peça pega no imaginário da Branca de Neve (WS são as iniciais de Snow White ao contrário), e distorce-o completamente, tornando tudo intensamente sexual, violento, e perturbador no todo. O artista diz que toda a peça está de certa forma relacionada com a sua história pessoal – um dos componentes da peça é uma réplica da sua casa de infância.

Escusado será dizer que eu adorava poder ir à exposição, que infelizmente está instalada em Nova Iorque.

Decidi deixar aqui uma nota um bocado melancólica, quase um queixume. 

É incrível, a dimensão da peça. Levou-me a pensar que algo do género em Portugal seria extremamente difícil, para não dizer impensável, de acontecer. Dedicar-se todos estes recursos a uma única peça de um único artista… Em Portugal, para tal acontecer o artista em questão teria de ser um já elevado a ícone nacional, completamente dentro do mainstream. Vem-me à mente a Joana Vasconcelos, que é das poucas que de facto consegue instalar as suas peças de grandes dimensões em espaços públicos. Mas ela não é comparável a um Paul McCarthy, que é muito mais subtil naquilo que comunica, muito mais irreverente e provocador, cedendo ao cliché… é muito popular nos EUA mas nunca atingiria grande escala em Portugal.

Infelizmente em Portugal, dada a reduzida dimensão da nossa economia, estas coisas acabam por não acontecer. Alocar os recursos necessários a este tipo de coisas acaba por não compensar, pois não há procura suficiente. E é isso que me leva por vezes a notar que de facto o mundo da arte em Portugal, em Lisboa, simplesmente não é nem nunca será tão excitante como é lá fora. Muitas coisas que lá fora são possíveis porque têm procura que as justifique, cá não são. WS de Paul McCarthy é um exemplo.

Aqui ficam dois vídeos da exposição. No Time-Lapse percebe-se bem a dimensão da peça.





Algumas imagens:


 




sábado, 13 de julho de 2013

Picasso Baby

O Jay-Z tem um álbum novo, o Magna Carta. Não sou de todo um expert em Hip-Hop, mas não me parece nada de extraordinário. Prefiro o Yeezus do Kanye West – as vozes captam mais atenção e a parte instrumental, quase completamente eletrónica no álbum do Kanye, soa-me melhor. É um álbum mais agressivo, no geral. Mas ainda assim Magna Carta também vale a pena.

O primeiro single vai ser o “Picasso Baby” e, talvez num esforço promocional, talvez num projeto spin-off do álbum, o Jay-Z fez uma das coisas mais bizarras que se passaram no mundo da arte recentemente – uma performance em que cantou a música durante seis horas na Pace Gallery, em Nova Iorque. O intuito era ser tudo filmado para o vídeo do single.

Segundo o rapper a performance foi inspirada na “The Artist is Present”, a já famosíssima peça da Marina Abramovic, a mais famosa artista de performance. A própria Marina esteve presente no evento do Jay-Z, e até há uns vídeos dos dois durante o evento.

As opiniões são díspares. Uns acham piada, outros rejeitam por completo considerar a peça arte. A meu ver isto parece um bocado ser uma tentativa de não deixar o rap, considerado baixa cultura, entrar no mundo elitista da arte. Mas quem é que quer saber disso? O mundo da arte, especialmente em Nova Iorque, alimenta-se cada vez mais das outras indústrias criativas e vice-versa. Talvez não tenha sido performance art pura, mas foi mais uma ligação entre o mundo da arte e a cultura mainstream, o que não é necessariamente mau.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

180 Creative Camp

Já vou um bocado tarde, mas continuo a querer falar no 180 Creative Camp. Só descobria a existência do festival este ano: É um festival organizado pelo canal 180 que reúne criativos de várias áreas – arquitetura, design, música, cinema, media - numa localidade portuguesa para promover a partilha das experiências dos artistas a estudantes e profissionais criativos ou qualquer interessado. E claro, há concertos e sessões de cinema de que qualquer pessoa pode desfrutar. Este ano é em Abrantes.

Antes de mais, gosto das escolhas de localização. A risco de soar condescendente, esta promoção de zonas do país que não sejam os típicos centros urbanos como Lisboa ou Porto é sempre boa. E os espaços usados – antigas piscinas, a barragem de Castelo de Bode -  oferecem um certo ambiente que se adequa perfeitamente às intervenções artísticas, e o ambiente do festival de certeza que se torna muito mais relaxado e colaborativo.

E claro, o conceito em si é incrível! Oferece um oportunidade única de partilha interdisciplinar que só pode ser enriquecedora para os artistas participantes.


Se estivesse lá, ia gostar de ver White Haus, Stereoboy, El Guincho, e o famoso pato de borracha gigante do Florentijn Hofman.