segunda-feira, 18 de março de 2013

A Tempestade


A peça ‘A Tempestade’ do Teatro Praga esteve em cena no Grande auditório do CCB este fim-de-semana passado, 15 e 16 de Março.

O Teatro Praga é a contemporânea companhia de teatro lisboeta. Digo isto porque nos seus trabalhos há uma forte vontade de cristalizar o momento presente, o momento em que o espetáculo acontece. Usam tecnologia, envolvem o público, trazem as coisas quotidianas para o palco – uma mensagem de  iPhone, a música eletrónica dos mesmos DJs que nos fazem dançar ao fim-de-semana, as roupas da moda que vemos na rua. Particularmente nesta peça, esbate-se a diferença entre os bastidores e o palco, e entre os atores e o público – mal o espetáculo tinha começado já alguns espectadores viam as suas caras projetadas num ecrã gigante em cima do palco, por exemplo.

A Tempestade foi escrita por Shakespeare e composta numa semi-ópera por Purcell, no século XVII. Passa-se numa ilha, em que o protagonista Próspero conjura uma tempestade sobre o navio em que vai o seu irmão António, cujas más ações quer desmascarar, e o Rei de Nápoles, cúmplice do seu irmão. Depois de muitas peripécias a filha de Próspero, Miranda, acaba por se casar com o filho do Rei, para prazer do seu pai.

Na interpretação do Teatro Praga perdemo-nos no tempo. Deixamos desde cedo de saber o que já se passou e o que está para vir, quando é o fim, ou se há fim, ou se todos os fins que há são suposto serem a peça em si. É uma interpretação que não deixa de reconhecer a música original só por que a ouvimos a par com Madonna ou Michael Jackson. É cheia de humor e traz-nos para as nossas vidas a beleza e imaginação da arte de outros séculos. Faz-nos ver que as diferenças não são tantas quanto pensamos.


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