A peça ‘A Tempestade’ do Teatro Praga esteve em cena no Grande
auditório do CCB este fim-de-semana passado, 15 e 16 de Março.
O Teatro Praga é a contemporânea companhia de teatro
lisboeta. Digo isto porque nos seus trabalhos há uma forte vontade de cristalizar
o momento presente, o momento em que o espetáculo acontece. Usam tecnologia, envolvem
o público, trazem as coisas quotidianas para o palco – uma mensagem de iPhone, a música eletrónica dos mesmos DJs que
nos fazem dançar ao fim-de-semana, as roupas da moda que vemos na rua.
Particularmente nesta peça, esbate-se a diferença entre os bastidores e o
palco, e entre os atores e o público – mal o espetáculo tinha começado já
alguns espectadores viam as suas caras projetadas num ecrã gigante em cima do
palco, por exemplo.
A Tempestade foi escrita por Shakespeare e composta numa
semi-ópera por Purcell, no século XVII. Passa-se numa ilha, em que o
protagonista Próspero conjura uma tempestade sobre o navio em que vai o seu
irmão António, cujas más ações quer desmascarar, e o Rei de Nápoles, cúmplice
do seu irmão. Depois de muitas peripécias a filha de Próspero, Miranda, acaba
por se casar com o filho do Rei, para prazer do seu pai.
Na interpretação do Teatro Praga perdemo-nos no tempo.
Deixamos desde cedo de saber o que já se passou e o que está para vir, quando é
o fim, ou se há fim, ou se todos os fins que há são suposto serem a peça em si.
É uma interpretação que não deixa de reconhecer a música original só por que a
ouvimos a par com Madonna ou Michael Jackson. É cheia de humor e traz-nos para as
nossas vidas a beleza e imaginação da arte de outros séculos. Faz-nos ver que as
diferenças não são tantas quanto pensamos.
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