sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

'Riso', no Museu da Eletricidade


A exposição está patente até dia 17 de Março e é grátis. O Museu fecha às segundas.

Achei-a boa mas nada de extraordinário. No geral é confusa e as peças são tão díspares - tem pintura, excertos de música, séries televisivas, instalações, esculturas...- que a ligação entre elas se perde um bocado.

É suposto a exposição documentar o humor na arte e na cultura popular, portuguesa e não só. Está organizada por secções temáticas, como política, sexo, vida familiar, etc.

A primeira coisa em que reparei foi a estrutura em que a exposição está montada, que só por si cria um efeito estético notável, atraente. É uma estrutura muito alta, simples, de madeira clara, que  no espaço negativo entre as traves forma cubos. As peças estão penduradas nessas traves e as pessoas circulam pelo percurso formado pela estrutura.

Há peças de Eduardo Batarda, Joana Vasconcelos, Paula Rego, umas polaroids de Warhol e algumas outras peças da Coleção Berardo e da coleção BES Photo. Agora que penso nisso, não cheguei a reparar no Jeff Koons, para ser sincero...
'Passerelle', Joana Vasconcelos

O que mais me marcou foram as ilustrações de 'Nursery Rhymes' (lenga-lengas, em português?) da Paula Rego . Têm uma qualidade bizarra, obscura, ainda mais que as telas dela, talvez por estes serem desenhos a tinta-da-china e portanto em cores escuras. Existe um livro editado com as ilustrações e as respetivas rimas, que também se pode ver no fim da exposição, e que eu gostei muito. Fez-me lembrar o livro de poemas ilustrados do Tim Burton, "The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories". Tem o mesmo tipo de humor-negro, um pouco sádico. Excelente, o livro.

Mais uma vez, notei que na exposição há pouca ligação entre as peças...Não há coerência estética. Tanto vemos uma escultura completamente pop, "in-your-face", de cores berrantes, como logo a seguir vemos umas ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro do século XIX. Sim, o elemento comum é o humor, mas esteticamente é tudo demasiado díspar, parece-me. E devo dizer que o humor presente por exemplo numa Joana Vasconcelos está longe de ser o mesmo que o presente nas ilustrações da Paula Rego. É que não tem mesmo nada a ver.

'Goosey Goosey Gander', Paula Rego
E sinceramente não vejo o propósito de ir a uma exposição e ver um monte de televisões a passarem sitcoms americanas que posso ficar em casa para ver... O facto de estarem no contexto do museu releva o humor presente na comédia da cultura pop contemporânea, comparando-o ao humor que se tem feito em portugal nas últimas décadas, e põe-no num contexto histórico-social que pode ser relevante para compreender o tipo de humor presente nas outras peças? Qualquer coisa assim? Não? Estou a pensar demais? Ok, são só mesmo televisões a passar a 1ª temporada de Modern Family. Ok, obrigado.

Bom esforço, bem montada, mas gostava de ter visto uma coisa mais coesa em termos estéticos e com uma sequência temporal mais bem definida.

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